O Estado do Património…
O edifício dos antigos armazéns frigoríficos de Massarelos (Januário Godinho) é, seguramente, uma das obras mais marcantes do modernismo e da arquitectura do século XX na cidade do Porto e mesmo em Portugal. O seu estado de abandono decrépito é no mínimo… ignominioso. Enquanto por vezes vemos “preservar” edifícios cuja qualidade é mais do que duvidosa e de cujo tipo de arquitectura a cidade se encontra repleta, este, que é uma obra única na sua singularidade encontra-se assim abandonado. (A foto tem mais de 12 anos, hoje está bastante mais degradado). Questionamo-nos e indignamo-nos. Como é possível uma cidade (e um país) votar assim ao abandono o seu mais notável património construído?…
É um bonito edifício….Qualquer dia vai abaixo…
Caríssimo “Pilha Blogs”Muito obrigado pela visita e pela participação… O perigo de demolição não é muito grande, uma vez que se trata de um edifício classificado de Interesse Público. Mas, óbviamente, se for deixado muito mais tempo assim a degradar-se, será cada vez mais difícil recuperá-lo e acabará por ruir… Parece que o Porto perdeu o orgulho no seu património e na sua cidade…Talvez não fosse má ideia “contratar” o Abrunhosa e oferecer-lhe umas “correntes”…Abraço e até breveP.S. Consultamos o “Pilha Blogs” e ficou-nos uma boa impressão… (ser um pouco mais “interventivo” talvez não fosse mau…)
Antes de mais quero deixar aqui bem expresso o meu agrado pela excelente iniciativa!Em questões de participação… pergunto: Qual? A Pública?… Essa? Muito pouco foi feito. Acredito que as pessoas que gostam da cidade do Porto esqueceram-se de como realmente é bom GOSTAR do Porto.Concordo que se trata de um edifício classificado de Interesse Público e por isso, a sua solução passa por levar um conjunto de seres humanos a pensar no sentido de realmente se interessarem. Ou porque levou ao esquecimento e achou-se que o imóvel em questão não tería valor suficiente em variadíssimos aspectos, financeiro, capacidade logística, pelo aspecto político ou por manifestos interesses políticos, pelo aspecto histórico, social, cultural, ou até… pelo próprio aspecto (?). Daí eu pensar que se se escolheu um determinado edifício para ser classificado, se ainda não se fez nada é porque não houve algum interesse para que fosse reabilitado ou restaurado. É esperar…
Caríssimo “Ponto J”Muito obrigado pela visita e pela participação…Também estou de acordo de que a solução é eminentemente política. No entanto há que ser justo e afirmar que seguramente há também um alheamento da população para com o património (construído e não só…) da própria cidade. O recente caso do teatro municipal Rivoli, parece apenas ser mais um caso, (este mediatizado), como o foram o Coliseu ou a própria reconversão da Avenida da Liberdade. O cidadão portuense tem que ser mais activo e participativo na defesa da “sua” cidade. No entanto também é verdade que cada vez há menos cidadãos portuenses… Sendo certo que a degradação da cidade e do seu património contribuem também, largamente, para o seu despovoamento. Não temos que “esperar”, como refere. Como arquitectos temos que nos indignar com situações destas e, obviamente, expressar e manifestar esse direito sempre que possível!…Mais uma vez obrigado pela participação.Abraço e até breve
Transcrição do livro de Manuel Graça Dias – “Ao Volante Pela Cidade” de um comentário de Souto de Moura, referindo-se ao edifício dos antigos frigoríficos de Massarelos.“Realmente, aquela questão da função, do uso, quando se diz «ai, os mosteiros dão para tudo porque a arquitectura é boa mas a arquitectura moderna não, porque é muito funcional», este é um bom exemplo que prova o contrário: já foram Frigoríficos de bacalhau, já foi uma espécie de gimnodesportivo, sede de associação, onde se faziam plenários, já foi salão de baile, organizaram-se cá as festas de S. João e, actualmente, funciona aqui um teatro – é múltiplo! Como é um edifício rebocado, penso que qualquer dia vai ser caríssimo – ou dificílimo – recuperá-lo ou quase não se vai justificar recuperá-lo. Não por aquela coisa «isto é património, uma obra rara e tem que se restaurar» – também por isso – mas por ser uma espécie de coração de Massarelos, acho que devia ser rapidamente recuperado”.
Caríssimo “Ponto J”Mais uma vez obrigado pela participação e acuidade. Esta intervenção é o mote para se falar novamente no “estado do património”, pelo que deu origem a um novo artigo sobre este tema. Lembro também que o tema “participação pública” é o mote para a próxima revista “A obra nasce”, da Faculdade de Arquitectura da UFP… Há que participar.Abraço e até breve
Caros amigos , poucos edifícios sobrevivem sozinhos . há que ter em atenção a sustentabilidade da envolvente. Massarelos é um enclave .terá que esperar que uma expansão a absorva. ou tornar-se sustentável (mas isso é mais caro). de qualquer modo vai nascer um cogumelo nas traseiras que pelo menos alguma coisa mudará com isso . O edifício é lindíssimo, importa conserva-lo nos seus aspectos mais relevantes mas … terá de ser ajustado a um bom programa de uso e haver financiamentos para tal. gostei deste blog ,continuem
Caro Nuno SilvaMuito obrigado pelas suas palavras de apreço e participação neste espaço, que se pretende aberto e de amplo debate de ideias, em torno da arquitectura. Não entendemos como é possível deixar que um edifício classificado, desta beleza e importância para a história da arquitectura portuguesa, chegue a este estado de degradação. Penso que os arquitectos andam muito “distraídos” com outras preocupações, nomeadamente aquela de olhar muito para o seu próprio umbigo.Mais uma vez obrigado, abraço e até breve.Manuel da Cerveira PintoP.S. Espreitamos o seu “Imagem Cognitiva” e gostamos do que vimos, porque parou em 2006? De qualquer forma vamos fazer um “link”, esperando que em breve seja retomada a escrita…